A Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) realizou, no último dia 04 de dezembro, no Auditório Antônio Carlos Amorim, a leitura dramatizada de “12 Jurados e Uma Sentença”, adaptação do clássico “Twelve Angry Men”, do norte-americano Reginald Rose.

O diretor-geral da EMERJ, desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade, que interpretou o juiz do Tribunal do Júri, falou sobre a obra e explicou sobre a importância do evento.

“Particularmente, é uma das minhas obras preferidas. Ela narra bem como funciona um júri, algo que muita gente não sabe como é. A peça retrata o sistema judiciário norte-americano, um júri formado por 12 jurados, em regra, que necessita da unanimidade para uma decisão. No Brasil, são sete jurados, e a decisão não precisa ser unânime. É uma obra que retrata bem a realidade. A peça é um exercício interessante sobre como funciona a Justiça de um modo geral. A apresentação demonstra como os humores, personalidades e psicologias individuais interferem em um julgamento. Nos mostra como o ato de julgar é influenciado pela humanidade de cada um. Por não serem técnicos e preparados intelectualmente para julgar, os jurados são mais suscetíveis às questões emocionais e psicológicas, diferente do juiz. A peça de hoje é boa para o público entender que o ato de julgar, acima de tudo, é um ato de humanidade”, comentou.

Responsável pela direção da peça, a gestora cultural e serventuária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) Silvia Monte comentou sobre a experiência à frente da apresentação. Em sua fala, destacou a importância de escolher um texto que, segundo ela, retrata a atualidade, mesmo sendo de 1954.

“Foi muito gratificante fazer essa peça. Tivemos poucos ensaios, mas neles aproveitamos ao máximo. É muito importante uma obra assim, pois podemos pensar em questões de Justiça de uma forma lúdica e descontraída, mas abordando assuntos sérios. Embora seja um texto de 1954, retrata a realidade nos dias atuais, abordando intolerância, liberdade de expressão e a importância da democracia. Foi muito bom a EMERJ abrir as portas para um projeto que une Justiça e teatro. Realizamos essa peça, pela primeira vez, há 18 anos, pelo Cultural EMERJ. Na época, trabalhamos com operadores do Direito e atores, diferente da atual. Escolhi o texto, pois retomá-lo é importante para pensarmos em questões atuais. Infelizmente, mesmo após 18 anos, ainda temos um mundo com posturas intolerantes”, explicou.

Participaram como os 12 jurados os desembargadores Ana Maria Oliveira (jurada 4), Antônio Carlos Esteves Torres (jurado 2), Claudio dell’Orto (jurado 3), José Muiños Piñeiro (jurado 11) e Katya Monnerat (jurada 12); os juízes Elizabeth Louro (jurada 7) e Renato Charnaux Sertã (jurado 6); os advogados e desembargadores aposentados Geraldo Prado (jurado 8) e Marcus Faver (jurado 9); os advogados José Roberto de Castro Neves (jurado 5) e Paulo Cezar Pinheiro Carneiro (jurado 10); e o advogado e dramaturgo Ricardo Leite Lopes (primeiro jurado).

Reportagem publicada no site da EMERJ.