Em 1997, ao retornar à magistratura criminal depois de dois anos como juiz de infância e juventude (RJ), eliminei o «banco dos réus» da sala de audiências, colocando lado a lado acusado e defensor. Hoje, a professora Yolanda Rueda Soriano e o professor Jordi Ferrer Beltrán noticiam a decisão do Tribunal Supremo da Espanha.

Trata-se da sentença 167/2021, da Sala Penal, que afirma que: «El juicio oral es, también, un acto de reconocimiento a las personas que intervienen en el mismo de su condición de ciudadanas, de titulares de derechos. Una verdadera precondición para su efectivo ejercicio por ello, cuestiones “escénicas” como las de la ubicación de las partes en la sala de justicia, la posición en la que deben participar o los mecanismos de aseguramiento de las personas que acuden como acusadas pueden adquirir una relevancia muy significativa.»

Segue a decisão observando as possíveis causas da «permanência» do banco dos réus, contrariamente ao direito do acusado de participar de forma direta de sua defesa ao lado do defensor, como asseguram a Constituição espanhola (e a brasileira) e os tratados de direitos humanos: «Muchas Salas de Justicia responden, originariamente o por inercia, a una concepción histórica determinada y, sobre todo, a una plasmación de un imaginario simbólico que no se ajusta de la mejor manera posible a las exigencias constitucionales y convencionales de garantía del derecho a un proceso justo y equitativo.»

A decisão aborda ainda os limites à acusação adesiva do particular e, ponto que também merece destaque, a proibição do bis in idem. Todos são temas ainda pendentes de solução satisfatória no direito brasileiro.

Sentencia TS 167-2021 Fim do banco dos réus (24.03.2021) 19.03.2021

Geraldo Prado, 19 de março de 2021